quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sobre ética, moral e direito – a vida em sociedade e o animal que somos.

                Tive um professor de ética que dividia as nossas relações sociais em três campos de juridicidade: o campo do direito, o da moral e o da ética. Para nossa surpresa, alunos de direito que éramos, e tendo aula com um juiz respeitado, ele nos dizia que o campo do direito era o mais baixo dos três, sendo superado pelos outros dois e tendo a ética como o mais alto.
                Sua explicação para os três campos era a seguinte: as relações sociais que tem por base o direito são as mais frágeis – só fazemos ou deixamos de fazer algo se houver uma lei para nos obrigar ou se houver uma sanção para nos punir; já as relações sociais sob o comando da moral não precisam de leis para nos obrigar a fazer ou deixar de fazer algo, mas ainda assim necessitaremos de uma força externa para reger nossas ações (a moral religiosa, a familiar, a social, comandam a maioria de nossas atitudes, sem mesmo ter uma única lei escrita); por últimos há as relações puramente éticas, que são aquelas em que agimos (ou não) somente de acordo com o sentimento interior de fazer o bem, sem nenhum comando legal, sem nenhum olhar externo a nos vigiar, fazemos tudo simplesmente pela necessidade de agir corretamente.
                Seguia ele dizendo que, quanto mais um país necessita de leis, mais as pessoas que vivem nesse país perderam o sentido do que é viver em sociedade. Para ele, não precisamos de leis que nos digam que não devemos maltratar uma criança ou um idoso, leis para nos obrigar a votar, leis anticorrupção ou outras do tipo – precisaríamos no máximo de uns poucos códigos somente para nos organizar enquanto Estado. Leis, no seu entendimento, só servem para nos proteger de nós mesmos, nos proteger das feras que somos – já que não damos conta de nos domar, domar nossos instintos selvagens, então transferimos para o Direito essa tarefa. E, no caso, quanto mais leis nós criamos, é porque estamos caminhando mais em direção à brutalidade.
                Nós brasileiros, enquanto sociedade, marchamos na contra mão daquilo que é o ideal jurídico – a ética. Cada vez mais criamos leis para nos organizar, para nos obrigar, para nos punir por ações que não deveríamos praticar. Legislamos e burocratizamos tudo, criamos engrenagens que não funcionam, e terminamos nos emaranhando na teia de regras e regulamentos que, no fundo, não precisamos. Se fossemos éticos o suficiente, se praticássemos mais a bondade e todos aqueles princípios de boa convivência que sabemos existir, viveríamos muito melhor.
                Infelizmente, pelo que vejo, nossas relações sociais caminham para o caos. Nosso instinto de cooperação tem sido suprimido pelo de competição, e a cada momento em que crescemos mais, e nossos recursos naturais vão rareando, a tendência é piorar. Todos temos dentro de nós (inato ou não, eu não sei), o sentimento do que é correto, do que é Justo e bom, e isso independe de cultura, religião, espaço ou tempo, mas nem sempre colocamos em pratica esses sentimentos. Em nome de proselitismos e falácias, em nome de poder (e quase sempre de dinheiro), abandonamos a racionalidade e passamos a percorrer a via obscura da bestialidade
                Voltando ao inicio, terminava meu professor dizendo que uma sociedade totalmente ética era uma realidade utópica. É verdade que praticar o bem e o correto independe de qualquer ligação religiosa ou cultural, mas enquanto não interiorizarmos esse preceito precisaremos das leis para adestrar o animal que há em cada um de nós. Por último, vale dizer que falo tudo isso na primeira pessoa do plural e não na terceira pessoa, porque me incluo em tudo que foi dito acima. Sou humano também e sei o quanto com simples gesto podemos ser ternos ou cruéis, lindos ou horripilantes, a mais perfeita criatura da criação ou anjos tortos e caídos. Tudo depende daquilo que queremos para o outro e para nos mesmo. 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

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Hoje resolvi fazer algo diferente do costumeiro... não postarei um pensamento sobre algo, mas sim um conto. Não é o primeiro que escrevo, mas é um dos poucos que vocês terão oportunidade de ler por aqui, pelo menos por enquanto. Enfim, sem muitas explicações, aqui vai ele:



(des)Encontros


                Parou na varanda da sala e olhou para o horizonte que se enfeitava com mil cores. Não era a primeira, nem a ultima vez que via um pôr-do-sol, mas aquele tinha um significado especial: hoje era o último dia, de todos os dias, de sua velha vida. Tinha planejado esse momento durante algum tempo e hoje finalmente o estava colocando em prática. Não ia se matar, nem trocar de identidade ou mesmo fazer qualquer espécie de loucura, mas amanhã, quando o sol estivesse nascendo, seria outra pessoa, em outro lugar – tudo novo. Ficou ali até o ultimo contorno avermelhado do sol se esconder no horizonte e foi uma brisa gelada que a fez retornar a realidade: - vamos lá, hora de tomar as últimas providências – disse para si mesma.

                Apesar do longo tempo planejando essa mudança, a decisão mesmo de mudar veio repentinamente. Foi tudo muito rápido, muito louco – em menos de um mês já tinha se desligado de tudo, se despedido dos amigos, da família, vendido a casa, os móveis. Daquela antiga moradia só levaria o estritamente pessoal e as lembranças de alguns bons anos. Mas em verdade havia um segredo que ela não contou para ninguém: a velocidade da decisão foi, de certa forma, impulsionada por um sentimento que ela tentava conter, porém já não conseguia mais – ela estava apaixonada.
                Poucas semanas antes de se decidir por completo, viajando por uma das muitas redes sociais das quais fazia parte teve contato com aquele que iria acender novamente a chama há um bom tempo apagada. No inicio era uma conversa frívola, dois desconhecidos que se tateavam pelo escuro. Depois a intimidade foi aos poucos se instalando e em poucos dias já trocavam juras de amor e palavras de carinho pelo telefone. No mundo virtual, palavras de amor eram o máximo que se podia trocar para aplacar a ânsia de estar junto. E ela já contava nos dedos quando esse momento chegaria.
                E foi assim, com saudade dos que ficavam e com o coração aos pulos de ansiedade, que ela entrou no ônibus e deu adeus a todos na rodoviária. Evitou olhar para trás para que nenhum deles percebesse as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto. Estava triste sim, afinal, apesar de não pertencer mais aquele lugar, partir sempre trás alguma dor (a quem vai e a quem fica). Contudo, mais do que isso, estava feliz pela nova vida que se descortinava à sua frente. Seus planos, metas e desejos estavam todos postos na mesa e era nisso que se segurava para não fraquejar.
                O ônibus partiu e ela, como sempre fazia em qualquer viagem, dormiu. Demorou um pouco dessa vez por conta dos vários pensamentos que lhe povoaram a mente, mas enfim ela conseguiu fechar os olhos e desligar-se por completo. Quando acordou, o dia já raiava e a paisagem passava veloz do lado de fora da janela. Tentou fixar sua vista na estrada, mas era o seu futuro a única coisa que pensava.
                Enfim ela pisou pela primeira vez naquele solo que seria seu novo lar por um bom tempo (assim ela esperava). Bateu nos ombros, como querendo limpar a poeira que carregava de outros tempos, respirou fundo, olhou ao redor e identificou no meio da multidão que aguardava os passageiros aquele sorriso que a tinha conquistado. Era ele, seu amado, lhe esperando com um buquê de rosas e um beijo apaixonado.  E essa historia termina no mesmo momento em que seus lábios se encontraram pela primeira vez. Ela não sabia o que dali para frente iria ocorrer, na verdade nem queria mais pensar nisso. Queria mesmo era viver o mais intensamente possível.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A revolução das cores

Os adultos do inicio da década de 90 devem ter assistido boquiabertos àquela massa de jovens que saiu pelas ruas, com as caras pintadas, exigindo o impeachment do então presidente Collor. Da mesma forma, a geração de minha avó (que nasceu na década de 40), deve ter se surpreendido com as mocinhas de 60 queimando sutiãs por ai. Ou os da década de 10, que viram os vestidos e ternos darem lugares a roupas mais curtas e despojadas (e apropriadas para o nosso clima). Todas essas gerações têm algo em comum com a minha: a sensação que estamos vivendo uma época de mudanças – uma época em que a geração seguinte surge e põe abaixo todos os paradigmas antes construídos.
                A marca dessa geração que surge e que a torna facilmente identificável é a profusão de cores com as quais ela se veste. Lembro que quando era adolescente haviam as cores de meninos e as cores de meninas e ai de quem ousasse ultrapassar essa barreira (imposta por não sei que idiota). Aos poucos essa fronteira foi sendo superada e hoje vivemos mais do que nunca na época do “arco-íris”. A turminha de hoje conseguiu quebrar o preconceito que havia em torno do assunto e agora é cor para todo lado – do cadarço do tênis ao cabelo, passando pelos mínimos detalhes do corpo. Mas ai é que surge a grande dúvida: relativizaram o preconceito com as cores, mas será que o preconceito no qual ele se baseia (sobre a diversidade sexual) caiu por terra também?
                Não dá para negar que os ventos que sopram hoje estão bem diferentes dos de outrora. Os jovens não estão mais coloridos só por fora, estão por dentro também. Os preconceitos têm sido superados diariamente e eles estão bem mais abertos a assumir suas preferências sexuais para a sociedade e para a família. A minha geração tinha o ato de “sair do armário”, como um estigma, um tabu (tanto que a maioria ainda continua lá, rodeados de naftalina) – a de agora, tem um ambiente muito mais propício e aberto para se aceitar: os armários de hoje estão bem escancarados para quem quiser olhar para dentro.
                Isso não quer dizer que a intolerância não exista mais – grupos, principalmente ligados a algum seguimento religioso, ainda encaram as relações homossexuais como doença ou pecado e acreditam que elas degeneram a sociedade. Nesse contexto, a onda que varre a juventude não se reflete em políticas de promoção da diversidade sexual. Só para citar um ponto, a Constituição Brasileira reconhece apenas a união entre homem e mulher como entidade familiar (há ainda as famílias monoparentais que são as formadas por um dos pais e seus descendentes), então, qualquer casal homossexual que queira ter algum direito relativo à sua condição de convivente tem que fazê-lo sob a forma de sociedade – no Brasil, a lei trata o gay como empresa e não como pessoa. Fora outros direito que são negados como o de adoção, ou até mais simples como o de demonstrar carinho em publico sem sofrer nenhum tipo de agressão física ou moral.
                Confesso que é difícil entender o posicionamento desses grupos religiosos. Tratar um gay como um doente, degenerado ou criminoso é ir de encontro a um dos principais fundamentos do cristianismo: o de amar o próximo acima de todas as coisas. Além do mais negar-lhes direitos é destruir o pilar mais básico de qualquer Estado Democrático de Direito, o qual diz que “Somos todos iguais perante as leis”.
                No entanto, mesmo com toda essa campanha que ainda existe contra os homossexuais, sinto que vivemos uma revolução silenciosa – de um lado o colorido das novas idéias e do outro o obscurantismo de doutrinas já ultrapassadas. Aos poucos caminhamos para uma maior tolerância e respeito uns com os outros. Sinto que essa geração, ou mesmo a outra após essa, vem para enterrar de vez o preconceito sexual ainda existente.
                Por fim, cabe lembrar que há alguns séculos, o pensamento iluminista foi de encontro ao modelo de sociedade vigente e nos deixou como herança a “Declaração Universal dos Direito do Homem”: primeiro documento em que se estende a todas as pessoas direitos básicos como a vida, a liberdade e o patrimônio. Quem sabe daqui a mais alguns séculos as pessoas não olharão para trás, para os nossos dias, e dirão que esse foi o século das cores: aquele em que as pessoas deixaram de ser discriminadas por conta de suas preferências sexuais e se tornaram definitivamente iguais que, em verdade, é o que somos.
                

sábado, 16 de outubro de 2010

confissões de um capricorniano

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                Sou capricorniano nato – boa parte do que está escrito em qualquer site de signos ajuda a me definir – é só procurar que vocês vão achar os ingredientes da receita. Por outro lado, a fórmula é única: os ingredientes, apesar de facilmente encontrados em qualquer lugar, foram misturados de tal forma que acredito não haver outros como eu por ai. Ainda bem, meu e de vocês, que não há outro igual... ainda bem. De qualquer forma, auxiliado pelos meus anos de convivência comigo mesmo, vou ajudá-los a entender um pouco o que é ser do signo de capricórnio.
                Todo capricorniano é cercado por uma fortaleza instransponível, mas sempre deixamos uma porta aberta para receber aqueles a quem queremos bem. Esses morarão para sempre em nosso coração, que é um lar bem quente e aconchegante. Ao mesmo tempo, internamente, somos como um castelo de cartas – belos e frágeis – e um vento mais forte facilmente nos revolve e embaralha. Nosso mundo gira em torno dessa dualidade – a de ser forte e frágil ao mesmo tempo.
                Somos curiosos e desconfiados. Não porque acreditamos haver uma teoria da conspiração em cada ação humana, mas porque procuramos entender todas as engrenagens que movem o universo. Um capricorniano é acima de tudo racional – por mais que haja sentimentos em todos nós (e saibam que há muito), procuramos ver a razão em cada coisa. Nada acontece por acaso, e se há uma finalidade para tudo, pode ter certeza que tentaremos descobrir cada uma delas.
                Muitos nos chamam de materialistas, frios, calculistas, o que é verdade, mas só em partes. De fato nascemos com os dois pés no chão e o máximo que nos permitimos são pequenos pulos, porém nada que nos faça ter a cabeça nas nuvens. Por isso planejamos meticulosamente cada ação antes de a realizarmos. Afinal, ter estratégia nos dá a segurança para caminharmos e direção às nossas metas.
                Damos imenso valor à família e a todos aqueles que estão a nossa volta – seja amigos ou amores. Contudo, de forma alguma nos sentimos bem estando sujeitos às ordens de quem quer que seja. Prezamos a liberdade, e a sensação de controle que elas nos traz. Aqui, explico eu, também não procuramos controlar ninguém, cada um esteja livre para fazer o que deseja, de acordo com sua vontade (só não venha, por favor, ciscar em nosso terreiro).
                Possuímos uma alma um tanto velha. Somos responsáveis, paternalistas e super protetores com aqueles a quem queremos bem. Nesse contexto, espírito de aventura é algo que passa longe de nós (nem venha com seu irresponsável de ser para nosso lado que não dará certo). Além disso, damos grande valor ao tempo, e a todas as lições que ele nos traz. Por isso odiamos atrasos: eu, em particular, considero atraso uma falta de respeito com a outra pessoa – atrasar, para mim é dizer: “- meu tempo é mais valioso que o seu, então, foda-se e me espere”. Por isso, prestem atenção, nunca marque algo com um capricorniano e se atrase (aliás, nunca faça isso com ninguém).
                Quando o assunto é amor, confesso que somos realmente um tanto duros. Como diria um amigo meu, temos um coração de ouro: duro, frio e amarelado. Mas há aquelas pessoas que, não sei como, conseguem transpor nossos muros e nos acertam em cheio. Esses terão o prazer de nos ver de uma forma que poucos verão – românticos e apaixonados. Um capricorniano apaixonado é o bicho mais besta do mundo, se entrega por completo, ama intensamente e sempre mete os pés pelas mãos.
                Já no sexo não temos nada de frieza. Pelo contrário, somos uma chama disposta a esquentar qualquer relação. Gostamos de descobrir novidades, do inusitado, mas nada de malabarismos ou aventuras, afinal queremos gastar ferormônios e endorfinas e não colocar a adrenalina para fora. A transa com um capricorniano será perfeita se alternar entre estados de calmaria e tempestade; nada muito calmo nem mecânico, mas também nada arrebatador que deixe hematomas ao final. Odiamos pessoas lerdas, cheias de pudor, virginais, mas que isso não nos defina como promíscuos – a questão é que sabemos a diferença entre sexo e amor (apesar de que sexo com amor é tão gostoso quanto sorvete em dia quente).
                Somos, em sua maioria, tímidos e contidos. Gostamos de poder, comando, mas não de aparecer. Gostamos de saber que fizemos um trabalho bem feito, mas nos sentirmos sempre lisonjeados com os parabéns. Somos péssimos atores, mas ótimos diretores e produtores. Por isso não nos damos muito bem com leoninos e escorpianos: do primeiro, odiamos a sua ânsia em ser o centro das atenções, seus modos espalhafatosos e chamativos; já do ultimo é a sua “intensidade” o que nos irrita (todo escorpiano sempre acha que tudo nele é o melhor, o mais top, o übber... enfim).
                Aprendemos tudo fácil, somos bons ouvintes, e, sempre que solicitados, bons conselheiros. Aliás, somos bem melhores ouvindo que falando – apesar de termos sempre o que dizer, gostamos mesmo é de observar, aprender, analisar. Isso nos torna metódicos, sistemáticos e objetivos.
                Odiamos joguinhos – de qualquer espécie. Se for para brincar de algo, nem nos chame e se chamar, nos deixe ganhar, ou pelo menos acreditar que estamos ganhando. Não gostamos, na verdade é de perder nada, por isso não mergulhamos fundo em algo do qual não possuímos um prévio controle, ou do qual não fizemos uma analise anterior. Jogos de sedução, então, nos irritam facilmente – brinquem no máximo por alguns instantes, só para conquistar nossa atenção, mas depois já sabem: deixem-nos no comando.
                Uma imagem que define muito bem o capricorniano é a de um barco a vela. Deixamo-nos ser guiado pela situação, assim como o barco é pelo vento. Se recebermos algo intenso, responderemos na mesma intensidade, se o impulso for fraco, a resposta também o será. Contudo, mesmo tendo o vento como propulsor, ainda assim temos o controle do leme – caminhamos sempre com o rumo traçado, e seja ele qual for, um dia chegaremos ao porto que quisermos.
                Por fim, cabe relembrar que apesar de ser definido pelo meu signo, como dito acima, minha fórmula é única. Em menor ou maior grau um capricorniano que ler esse texto se reconhecerá, com certeza, mas quanto a mim se quiser me conhecer por completo, só mesmo convivendo comigo– quiser tentar, basta vir.

domingo, 10 de outubro de 2010

Política

                Estamos em pleno processo eleitoral e eu, que sempre gostei muito de política, me vi sem poder votar pela primeira vez (estou longe de minha cidade). Nada me impede, porém, de participar de todas as discussões possíveis sobre a matéria. Usarei, então, deste singelo espaço, que é meu, para compartilhar com todos vocês as minhas impressões sobre o tema. Desde logo quero fazer algumas considerações que acho bem úteis: 1 – não vou fazer aqui política partidária e não sou de direita ou de esquerda, até porque não acredito numa divisão estanque entre as duas; 2 – acredito que a política funciona sim, mas não acredito mais na prática política brasileira; 3 – pode até parecer conto de fadas, mas acredito que existam pessoas honestas fazendo política, apesar de ser uma espécie quase em extinção. Fechado o parêntese, vamos tratar do assunto principal, que é o importante.

Sobre política:
                Vivemos em sociedade, optamos por viver na “pólis” e, nessa condição, precisaremos sempre de alguém para comandar, para colocar ordem na bagunça que temos tendência a criar. Políticos, dessa forma, são um mal necessário com os quais temos que conviver.
                O desenvolvimento das sociedades, nos fez dividir cada vez mais as tarefas que antes podiam ser feitas por uma só pessoa. Estamos mais especializados em algo e esquecemos que não temos somente uma habilidade: um bom advogado pode ser perfeitamente um bom padeiro e um bom eletricista ao mesmo tempo. Nessa onda, empurramos uma responsabilidade que era de todos nós (a de cuidar da vida em sociedade) para apenas um grupo de indivíduos – os políticos.
                Quando o destino de todos era decidido nas praças, pelos cidadãos (mesmo o conceito de cidadão sendo bem restrito na época), era muito mais fácil fiscalizar, cobrar ou mesmo mudar os rumos, caso estes não dessem certo. Hoje não, os centros de poder estão cada vez mais distantes e restritos a poucas pessoas e quase ninguém se lembra que todos nós somos seres políticos, todos nós temos o direito e o dever de cuidar do interesse coletivo (nosso interesse). Infelizmente, só nos lembramos disso de dois em dois anos quando vamos às urnas e, mesmo assim, ainda vamos de mau gosto.
                Nesse contexto, nossa realidade política só melhorará realmente quando tomarmos de volta as rédeas da situação. Quando lembramos que além de todas as atividades cotidianas, temos mais uma a praticar – a de ser político.

Sobre direita e esquerda
                O Brasil viveu durante muitos anos sob o jugo de uma violenta ditadura militar onde todos os direitos fundamentais foram reprimidos em nome da conveniência política de um pequeno grupo. Muitos movimentos, com os mais variados pensamentos ideológicos, se formaram para lutar contra esse sistema e todos podem ser reunidos naquilo que se chama de “esquerda’. Esquerda, nesse contexto, é tudo aquilo que está numa situação de oposição ao que está no comando, na “situação”, ou à direita, como costumamos chamar.
                Acontece que, no nosso país, alguns grupos se apropriaram do termo “esquerda”, e o usam indiscriminadamente, mesmo quando são eles que estão no poder, no comando. Tomemos como exemplo o caso do Partido dos Trabalhadores que hoje conduz o país e mesmo assim se acha de esquerda (o que na minha ótica desvirtua todo o significado da palavra). Em verdade hoje eles são de direita, assim como todos os grupos ligados a ele (MST, Movimentos Sindicais, e todos os partidos da base aliada).
                O que quero deixar claro com isso é que ser de direita ou de esquerda não é somente pertencer a este ou aquele grupo (político ou não). Mas sim estar ou não apoiando um determinado grupo que está no comando (seja do país ou de qualquer outra instituição). Então, caros leitores, muito cuidado da próxima vez que vocês usarem o termo: - OK?

Sobre alienação
                Todos nós acompanhamos boquiabertos as dezenas de casos de corrupção e outros tantos crimes praticados, por todo o país, por nossos queridos políticos. Mesmo assim, a maioria deles continua se candidatando e se reelegendo e cometendo os mesmo crimes. Como isso é possível? – fácil responder: porque assim o queremos. Pois vejam, vivemos em uma democracia direta, nós votamos e escolhemos quem queremos que preencham as vagas disponíveis para os mais diversos cargos. Eles não se elegem sozinhos, são frutos das nossas escolhas.
                Alguns dizem que a culpa é do analfabetismo, da falta de informação, ou mesmo da alienação de nós jovens. Para mim não é nenhum dos três: as taxas de analfabetismo estão cada vez menores e a falta de acesso à educação formal nunca foi obstáculo para nenhuma revolução; o acesso a informação está cada vez melhor, são centenas de ferramentas de mídia disponíveis para todos; e quanto à alienação, esta existe sim (os ouvintes de Cine, Restart, Hori, estão ai para provar isso), mas ela, assim como a nossa derrocada política são consequências de um mal maior: nosso individualismo.
                Somos seres sociais, contudo priorizamos cada vez mais a individualidade. As famílias estão cada vez menores, as casas de hoje são cubículos se comparadas com as de ontem, tudo hoje vem em embalagens individuais. Não pensamos mais como conjunto, nós não fazemos mais almoços em família, não participamos de reuniões de condomínio, de bairro, da escola. Estamos preocupados demais com aqueles que vemos no espelho e esquecemos que a política e os políticos cuidam de nós todos como um corpo só.
                E enquanto nós esquecemos desse detalhe, os políticos aproveitam para cuidar daquilo que eles mais prezam – eles próprios. Se não fiscalizamos, não cobramos, se não corremos atrás daquilo que é nosso, eles continuam e continuarão deitando e rolando às nossas custas. Por isso, se queremos uma nova realidade social, temos que tirar o bumbum da cadeira e começarmos a cobrar, a falar, a discutir. E precisamos disso não só de dois em dois anos, nas eleições, mas todos os dias, seja em casa – nas relações familiares, seja no prédio, na vizinhança, e vamos subindo até chegar nas esferas mais altas de poder.

Voto de conveniência
                Todo mundo vota por conveniência – isso é fato. Porém, aqui é preciso diferenciar as conveniências que levam alguém a votar. Há aqueles que votam somente por interesses próprios, visando algo em troca depois da eleição (cargo, dinheiro, contratos) – esses elegem qualquer um, indiscriminadamente, pensam somente em si e em nada mais (olha a porra do individualismo); há aqueles que votam por aquilo que é mais conveniente para determinado grupo que participa – estes pensam mais em conjunto, mas ainda assim pensam naquilo que é melhor para si, não para todos; por fim há os que pensam que são isentos e votam pelo bem da nação, porém estes também votam por conveniência – votam por aquilo que mais se encaixa em sua visão política, aquilo que mais lhe interessa. Então, nem adianta dizer que você não vota visando algum interesse – em maior ou menor medida, todos nos pensamos primeiro na gente para depois no outro. Nosso mal, nossa sina.

Sobre as minhas lembranças e a eleições 2010
                Comecei a acompanhar noticias políticas mais ou menos por volta de 1992 quando houve o impeachment do então presidente Fernando Collor. Era muito novo, não entendia nada, mas essa é, de fato, minha primeira lembrança sobre o assunto. Depois disso, lembro mais claramente sobre o período de criação do plano real, de como era a expectativa e a esperança de todos os brasileiros que vivíamos sob o jugo de alguns planos econômicos que não deram certo anteriormente (ainda bem que esse deu muito bem, por sinal).
                Vivi toda minha infância e adolescência no período FHC e acompanhei as transformações todas pelas quais passou o Brasil em seus oito anos de mandato. Nesse período o país se modernizou – as privatizações, mesmo com todos os seus defeitos, serviram para dar um mínimo de qualidade para os serviços essenciais que antes eram sucateados (a atual geração nem imagina o quanto era difícil ter acesso a um simples telefone).  Mesmo que muitos não queiram aceitar, mas esse governo foi onde nasceu o alicerce do que é o Brasil de hoje. É claro que nem todas as reformas necessárias foram feitas, ao priorizar o lado econômico, Fernando Henrique deixou um tanto esquecido o lado social. Era preciso então mudar – e mudamos: mesmo com certo receio, elegemos um sindicalista e confiamos a ele o rumo de nossa nação.
                Nunca antes na historia desse país avançamos tanto em tão pouco tempo. Sem dúvida esse foi o melhor governo que já tivemos, em vários pontos, mas principalmente nas questões sociais e confesso que Lula me surpreendeu, assim como a muita gente. Desenvolvemos sim, contudo, por outro lado, nunca antes na historia desse país, tantos casos de corrupção, negociatas e outras formas escusas de se fazer políticas foram praticadas e vieram à tona. Mesmo que não se possa provar nenhuma ligação entre nosso atual presidente e esses tantos escândalos que houveram, não dá pra negar que todo esse jogo sujo mais que beneficiou a ele. Para ganhar um belo campeonato, nosso dirigente mostrou que não se importa como seu time joga: limpo ou sujo, para ele os fins justificam os meios – o que não é e não deve ser tomado como verdade.
                Pergunto-me, então, se não é hora de mais uma mudança. Será que depois de oito anos sob comando de um grupo não é a hora de testarmos um rumo diferente? – Não tenho nada contra a candidata governista, acredito nas propostas dela, mas o que me amedronta é a práxis governista do grupo ao qual ela faz parte. Além do mais, acredito na alternância do poder e que não devemos ficar presos somente a uma forma de governar. As reformas que FHC não conseguiu fazer, Lula realizou; as que este não fez, estão ai na urgência de serem feitas. Talvez seja hora de renovar os ares, para que possamos continuar respirando – depois, podemos não ter mais tempo.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Preconceito, blog, Bruna Surfistinha e outras histórias.

Me emprestaram “O doce veneno do escorpião” da Bruna Surfistinha para eu ler. Já tive oportunidade de lê-lo em outras ocasiões, mas confesso que tive uma boa dose de preconceito e nunca me interessei pela leitura. Preconceito não pelo fato dele ser escrito por uma garota de programa, mas porque, quem me indicou, não soube explicar seu conteúdo e disse apenas que era um livro onde rolava “muita putaria”. Então, se era somente putaria, bastava eu entrar na net e ver um filme pornô qualquer que seria bem mais divertido. Contudo, dessa vez resolvi apostar na leitura e, para surpresa minha, ganhei algumas horas bem divertidas com o livro em mãos.
                A primeira vista, e como não poderia deixar de ser, já que ele é o livro-diário de uma garota de programa, a putaria rola solta sim – e que ótimo que isso acontece. Precisamos de uma vez por todas desmistificar o sexo, tirar dele essa áurea sagrada que as religiões impuseram e encará-lo apenas como algo natural, algo humano. Todos temos nossas fantasias e desejos, e no livro eu pude ver o quanto escondemos isso, o quanto deixamos de lado nossas vontades apenas para mantermos uma postura para a sociedade – sociedade esta que nem liga para nenhum de nós. Seriamos muito mais felizes se nos permitíssemos mais, se abandonássemos um pouco nossos pudores e medos: viveríamos com muito menos problemas psicológicos, neuras e “pesos nas costas”.
                Porém, o que mais me chamou a atenção no livro e me prendeu uma tarde toda, foi a história da menina por trás da garota de programa. Nunca passei pelo que ela passou (adoção, pais ausentes), então não tenho como me colocar no lugar dela, porém percebi que tínhamos duas coisas em comum. A primeira é um sentimento que eu chamo de “solidão acompanhada” que é aquela em que, mesmo rodeado de várias pessoas, nos sentimos solitários – um vazio interior que nenhuma companhia preenche. Além disso, por ser filho único, criado por pais separados, e pela falta de diálogo em casa, tive que descobrir muitas coisas sozinho, ou através dos amigos – e ai reside nosso segundo ponto de interseção: a ausência de diálogo em casa ajudou a moldar aquilo que somos hoje.
                Outro ponto do livro que me fez refletir bastante foi o quanto certas decisões que tomamos nos fazem percorrer caminhos que, talvez, nunca imaginamos percorrer um dia. Pelo que li, quando mais jovem, nunca passou pela cabeça dela ser prostituta. Em verdade, acredito que nenhuma pessoa se prostitua por prazer – sem nenhum preconceito com a “profissão”, mas eu já fiquei com pessoas pelas quais não tive afinidade alguma e sei o quanto é ruim, até mesmo repugnante. Imagine, então, fazer isso várias vezes e em troca de dinheiro – no mínimo é preciso muita coragem e força de vontade. Por isso temos que ter muito cuidado com as escolhas que fazemos...  é claro que a vida nos impõe tomadas de decisões cada vez mais rápidas, mas é preciso refletir muito antes de pular de cabeça em certas coisas – elas podem não ter volta.
                Além disso, vi na menina que se prostituiu uma força surpreendente. Sei o quanto é difícil ir de encontro às regras morais da sociedade, mas sei que, para ser feliz é necessário às vezes romper barreiras, nadar contra a corrente. Nem todo mundo tem peito suficiente para fazer isso, e a maioria vive mesmo de sonhos não realizados. É claro que não estou aqui incentivando ninguém a passar a vida toda fazendo loucuras, mas da mesmice e do óbvio não surge nada e fazer a diferença num mundo cada vez mais igual é necessário de vez em quando.
                Por fim, cabe lembrar um outro ponto de identificação entre o Bruno que vos fala e a Bruna Surfistinha – ambos usamos um blog para dar vazão a todo sentimento represado. Tudo aquilo que não encontra outro meio de sair, seja por falta de coragem ou por falta de ouvidos, está aqui escrito. Nunca tive a pretensão que alguém lesse e gostasse dos meus textos, queria apenas ter onde colocar todos os pensamentos que me povoam e que, por falta de espaço, nem sempre dá pra segurar. E foi através dessa ferramenta que encontrei a válvula de escape que tanto precisava. No mais, fica a minha indicação – leiam “O doce veneno do escorpião”, é um livro curto e surpreendente, excitante e comovente. Pode não ser um grande clássico, mas com certeza renderá algumas horas de prazerosa leitura. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

sobre sexo, religião e outras coisas...

Me veio hoje na cabeça falar sobre sexo. Não, não vou escrever um conto erótico, nem abrir meu diário com minhas peripécias sexuais, vou apenas expor alguns pensamentos que tenho sobre essa palavrinha especial do nosso dicionário.

Primeiro, como não poderia deixar de dizer, sexo ainda é um enorme tabu em nossa sociedade. Afirmar isso é clichê? – é sim... mas é a mais pura verdade. Mesmo hoje, como toda tecnologia e acesso à informação, ainda nos comportamos em relação ao sexo como garotinhas da idade média, cheias de pavor e pudor. As religiões e os costumes sociais conseguiram realmente transformar um momento tão divertido em algo sujo, que deve ser evitado, procrastinado, em alguns casos ate mesmo considerado imoral ou ilegal (dependendo da forma como praticado).

As religiões, em sua maioria, trazem ensinamentos em que o prazer é considerado um mal. Ensinam que devemos passar toda a vida em constrição e expiação porque temos um pecado original e eterno a nos condenar. Nós não cometemos esse pecado, mas devemos pagar por ele, vivendo sob o jugo de pesadas leis morais e, ao final, quem sabe um dia ganhemos a vida eterna e ai poderemos, quem sabe também, viver felizes e em paz. Pura especulação, pura teoria, puro “blá-blá-blá”.

O que eu sei é que somos humanos e, independente de qual religião você segue, ou que crença você tenha, pare e reflita: - haverá algum tipo de vida depois dessa? - Se você tiver um mínimo de incerteza ao responder essa pergunta, então você sabe do que eu estou falando. Se não sabe ainda, aqui eu explico: eu estou falando de aproveitar essa vida da melhor forma possível e transar está incluído nesse proveito.

Não estou aqui fazendo criticas vazias às religiões. Sou católico, acredito em Deus. Só não acredito nesse Deus malvado e vingativo que a igreja prega – um Deus ilógico. Deus é, pra mim, acima de tudo lógico e racional. Dessa forma, reflitam junto comigo novamente: somos uma das poucas espécies animais que fazem sexo por prazer e não somente para fins reprodutivos – então, se Deus nos fez assim, por que desperdiçar esse dom que ele nos deu? Duvido muito que ele nos tenha dado essa capacidade e ela deva ser desperdiçada somente por convenções morais.

Por outro lado, também não prego uma busca desenfreada pelo prazer. Nem toda forma de prazer é valida e essa regra vale tanto para o sexo quanto para tudo na vida. Prazer, seja ele sexual ou o que for, deve ser algo que nos traga algum bem, mas que também não nos destrua junto, ou destrua o próximo. Por isso excluo daqui o uso de drogas e todos os tipos de perversões sexuais.

Voltando ao tema central do texto, algumas pessoas têm a mania de ligar o sexo ao amor, são as que batem no peito e dizem que não fazem sexo só por fazer, que é preciso haver um algo mais. Para mim, são duas coisas bem diferentes. Concordo que em partes eles possuem alguma ligação, mas só em parte. Concordo também que transar dentro de uma relação, ou gostando de alguém tem todo um significado especial. Porém há pessoas que eu amo profundamente, as quero ao meu lado para todo o sempre, mas não possuo nenhum desejo sexual por elas e, por outro lado, há pessoas que não tenho sentimento algum, mas que só de ver já bate um tesão enorme. Por isso sou um defensor do sexo casual... Acredito no amor, nos relacionamentos, na monogamia, mas também acredito no sexo sem compromisso, nas “rapidinhas” por ai.

Enfim, poderia passar um dia todo escrevendo sobre esse tema e eu não conseguiria esgotá-lo. Além disso, essa nunca foi minha intenção. A proposta é provocar a reflexão e a discussão sobre o assunto. Quero só mais uma vez lembrar que não dá pra ficar se prendendo, se reprimindo, em virtude apenas de certas convenções morais que já perderam a lógica há algum tempo. Sexo é bom – fato; fazer é sexo é saudável? – é; achou alguém interessante, pintou a vontade? – por que não fazê-lo, então?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

...

É preciso percorrer certos caminhos para algumas coisas fazerem sentido. A vida, por exemplo, exige movimento constante – quem fica parado é engolido pelos acontecimentos e simplesmente se perde, fica para trás. É preciso sempre estar um passo adiante, por isso não adianta parar por muito tempo se lamentando pelas perdas – elas sempre vão existir independentes de nossa vontade, cabe a nós somente dar adeus ao que se vai.
                É claro que aquilo que nos é caro nunca vai sem nenhuma dor. Sentimentos existem para isso, para podermos externar tudo aqui que a alma sente. Se chorar for preciso, que choremos, então, não somos máquinas, somos humanos e podemos nos permitir. E no mais, se é para lembrar-se de algo que ficou pelo caminho, lembre-se sempre das coisas boas que esse “algo” lhe proporcionou – mesmo que seja apenas uma lição, verás sempre que um simples e belo sorriso acalma mais o coração do que muitas lágrimas derramadas.
                Por isso, aqui vai o meu conselho de hoje, tirado das minhas anotações, de tudo aquilo que venho aprendendo nesses curtos 24 anos: vamos sorrir mais, amar mais, chorar um pouquinho, mas só um pouquinho; vamos deixar as neuras de lado, abandonar os preconceitos pelo caminho; vamos limpar o coração de todo ódio, de todas as mágoas, abrir espaço nele para tudo de novo que surge; vamos nos doar mais as outros, ouvir mais, aprender, crescer e ser feliz. Felicidade é o que importa, hoje e sempre – pensem.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

cartas

Eu nunca escrevi cartas, sejam elas de que espécie for. Exceto, é claro, uma ou outra carta promocional (que eu não conto), eu nunca redigi uma. No principio elas nunca se fizeram necessárias, não havia porque ou pra quem mandar. Já hoje, quando enviar uma às vezes se torna justo e necessário, porque motivos há, as cartas perderam todo o sentido, caíram de moda. Constatei esse fato hoje, e disso outras coisas surgiram em mente pra complementar o pensamento (já que pensamentos nunca vêm desacompanhados de outros).

Primeiro: qual o prazer em receber uma carta? Imagino o quanto deve ser gostoso abrir com ansiedade um envelope, desamassar o conteúdo e ir degustando cada linha como quem degusta um doce de leite, ou um remédio amargo (tudo depende do conteúdo, é claro). Um e-mail, por mais “modernoso”, cômodo e rápido, que seja, não traz a mesma emoção. Falta a ele a condição física de ser apalpado, enchido de beijos ou molhado de lágrimas. Aliás, um e-mail jamais poderá ser guardado junto com outro e-mail, amarrado por uma fita de seda, naquela caixinha de madeira no fundo do baú.

Segundo: a modernidade é por vezes cruel demais com as coisas, ou mesmo conosco. Culpa nossa, sempre apressados. Culpa nossa que resolvemos dividir o dia em apenas vinte e quatro horas, sem nos darmos conta que elas não são suficientes para viver (ou são e nós é que ainda não aprendemos isso?). Não há mais tempo para nada, pelo menos não para as coisas que importam de verdade: com o intuito de racionalizar o tempo, esquecemos da parte em que ele também precisa de emoção e ai perdemos o pôr do sol, o banho de chuva, o canto dos pássaros... Mas aqui cabe uma ressalva: eu não sou contra modernidades, pelo contrário, as adoro. Sou filho do meu tempo, e convivo muito bem com ele, apesar de me sentir às vezes um tanto deslocado.

Terceiro: e por falar em tempo, como diria Caetano, ele realmente é um “dos deuses mais lindos”. Por isso eu o venero e respeito as respostas que ele me traz – mesmo que às vezes eu não as entenda. Não sei pra vocês, mas foge de mim a compreensão de certos acontecimentos, certos rumos que a vida nos leva, certos caminhos a trilhar, certas escolhas (e elas são tantas). Mas também não quero saber de todas as respostas, o bom de viver está no mistério contido em cada curva do caminho, por isso vale a pena caminhar sempre em frente.

E no mais é só... chega por hoje. De um parágrafo eu escrevi quatro e escreveria outros mais... pensamento realmente puxa pensamento. Ficam os outros para outra postagem.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

saudade...

Minha mãe sempre me disse que estava me criando paro mundo e não para ela. Ensinou-me a andar sozinho, sem sua ajuda; a pensar e agir por meios próprios; ensinou-me a lutar por meu espaço e a transformar todo sonho em metas e cumpri-las. Hoje, mais do que nunca, entendo e agradeço todo esforço e desprendimento que ela sempre teve. Não deve ser fácil para uma mãe solteira ver seu filho único crescer, se tornar independente e partir. Imagino o tanto que ela deve ter chorado e imaginado se podia ter feito diferente – se podia ter me tornado dependente dela, preso à sua saia. Mas ela não o fez, deixou-me livre com minhas escolhas e sei que tenho o apoio dela em cada decisão que tomo.

Minha mãe só não me ensinou que o mundo longe dela pode ser mais cruel e solitário do que ele parece à primeira vista. Por me amar demais ela sempre desenhou o mundo com muitas cores e esqueceu-se de me contar que ele também tem seu lado preto e branco. Acreditando em minha fortaleza, ela não imaginou que às vezes eu me dobro com os ventos e que preciso de colo e carinho. Sei que talvez eu mesmo tenha contribuído para isso tudo – no afã de ser livre, sempre mostrei a ela que era feito de aço, mas escondi dela que aço também se quebra.

Se hoje choro de saudade, ao mesmo tempo tenho imenso orgulho da mãe que tive. Se minhas escolhas me levaram hoje a estar longe dela, agradeço sempre a oportunidade que eu tive de fazer essas escolhas. Hoje, mesmo longe, mesmo sentindo falta da sua ausência física, sinto, sempre por perto, o carinho que ela emana, a preocupação, o amor. E sei que a qualquer momento eu posso voltar e o abraço estará lá me esperando.

PS: tudo que foi dito acima também se aplica à minha avó, que é minha segunda mãe.

sábado, 7 de agosto de 2010

curta-metragem

Veio tudo assim,
Pingado,
Gota a gota...
Como uma camada de orvalho,
Madrugadas adentro,
Foi grudando cada linha no papel.
O que daí saiu
Só lendo pra entender (ou não).
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A vida nos cobra certos papéis, mas não nos dá o roteiro a ser seguido. Somos atores sem texto e sem direção... Jogados num palco, com uma imensa platéia a nos assistir, resta-nos apenas improvisar todas as cenas e fazer de cada pequeno ato, um grande espetáculo.
Nesse grande teatro de casualidades sou muitos, sou vários, sou vasto. Me desdobro entre mil e um personagens, faces múltiplas de um único ser – Eu.
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Aos 24 andei por muito mais caminho do que um dia imaginei. Meus olhos (meio míopes, por sinal) já viram de tudo um pouco. Mas ainda há muito pra percorrer, muita paisagem pra avistar... Só sei que a poeira dos acontecimentos se misturou ao suor e lágrimas e, se não me transformou em uma fortaleza, pelo menos me deixou um couro grosso, que aguenta as pancadas que o destino dá, com uma resistência ímpar. Não é qualquer vento que me derruba.
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Como diria a escritora Lya Luft, de quem eu peguei esse verso e introjetei em mim: “com as perdas só há um jeito – perdê-las”. E é verdade: não adianta nada passar o resto da vida lamentando por aquilo que se foi, pois tudo tem seu tempo certo de acontecer. É claro que nada se vai sem nenhuma dor, mas pra que ocupar os braços com “adeuses” e enxugar de lágrimas se podemos deixá-los livres e abertos esperando pelo que virá?
E no mais, são nos momentos de perdas que compreendemos o real valor das coisas que ficaram e a importância das metas que ainda temos a cumprir. E ai nos cabe escolher entre permanecer e partir, entre o passado e o presente, entre aquilo que já não é mais nosso e aquilo que nos espera em outro lugar.
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Tristeza é quando o sol se põe no coração da gente. É aquela brisa gelada antes do amanhecer. É um rio correndo ao contrário, uma chama que escurece, em vez de brilhar. É o não querer, o não ser, o não se amar. É perder-se dentro de uma sala fechada. Tristeza é aquela janela que a alma abre para dentro.
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Insegurança é exatamente a sensação de não ter onde se segurar – aquela de olhar para todos os lados e não ver uma mão estendida, um sorriso salvador. É estar sozinho no meio da multidão. Insegurança é aquela vontade de não sair do lugar, de ficar dentro do casulo, não dar um passo, mesmo quando a vida exige de nós uma maratona. Insegurança é quando o medo pinta nos sonhos um sinal de alerta, mesmo não existindo perigo algum. Insegurança é querer algo e não lutar por isso. Insegurança é não se entregar, é percorrer um pântano de olhos vendados, é andar na corda bamba, um salto de pára-quedas no escuro, um tiro ao acaso. Insegurança é a mais pura forma de covardia.
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Conquista não é um jogo – se fosse, o maior jogador seria sempre o grande perdedor. Conquista não é um ritual, não precisa de palavras e gestos ensaiados – conquista acontece com uma simples troca de olhares, um sorriso, aquele silêncio que preenche espaços. Conquista-se alguém com um afago, uma palavra dita na hora certa (ou na hora errada), um fazer, um não fazer. Conquistar alguém não é o mesmo que conquistar algo – não há uma relação de posse, um possuidor e um possuído, mas sim uma relação de troca, em que todos saem ganhando. Conquista é aquele momento em que encontramos no outro aquele pedaço de algo que nos falta – e sempre nos falta algo, todos sabemos disso e, por isso mesmo, sempre procuramos alguém pra compartilhar nossas faltas.
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Quando alguém aprende a ser feliz, dificilmente se esquecerá disso um dia. Felicidade está nos pequenos e nos grandes gestos, nas entrelinhas dos acontecimentos, num suspiro, num desejo. E não há tristeza ou sofrimento, por maior que seja, que não se apague diante de um sorriso aberto, de uma mão estendida, do aconchego de um carinho. Quem perde o porto um dia, só se sente à deriva se não souber nadar, ou se não aprendeu que sempre há um bote salvador por perto. Sorrir é sim um bom remédio, e perceber que a vida é simples demais para que a compliquemos, e curta demais para que percamos tempo com bobagens, faz um bem danado.

Por isso tudo dificilmente me verás um dia triste. Aprendi desde cedo a sorrir, a dividir, a ser racional. A amar mais do que guardar rancor, a perdoar mais do que julgar, a ser sincero, humilde, e a acreditar no próximo. Possuir sentimentos como esses não me torna um fraco, ou ingênuo, pelo contrário, me faz forte o suficiente para enfrentar todas as adversidades.

E as adversidades são muitas, mas nada que não possa ser enfrentado com um pouco de paciência e muita coragem. Nada que abrir um belo sorriso não resolva. Por isso, lembro sempre e primeiro de mim, que o mais importante é minha felicidade, e que “os outros, são os outros, e só”.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Paixão

Paixão é uma droga – um ópio. É tão viciante quanto as mais viciantes substâncias alucinógenas. Reparem nos sintomas: taquicardia, sudorese, delírios, perda de apetite, déficit de atenção, mudanças bruscas de comportamento, irriquietação, insônia, perda de produtividade, depressão – lembra um usuário de drogas não é? – que nada... é apenas um apaixonado.
Paixão é aquele instante em que você esquece de si e passa a pensar mais no outro. Erro fatal. Não que eu admire ou incentive atitudes individualistas, mas ser egoísta faz parte do processo de vida. Pensar mais e primeiro em si mesmo, se amar mais, se valorizar, evita muitas decepções e dores. Nunca esqueço que todas as vezes que pensei mais no outro do que em mim, só quem saiu perdendo fui eu.
Paixão é sim um vendaval, melhor, um furacão. Daqueles que passam e deixam marcas profundas. Mas como toda boa tempestade, depois dela vem sempre a bonança. É o tempo de arrumar tudo, por todas as coisas nos seus devidos lugares, tirar a poeira do sapato velho e voltar a caminhar.
Mas apaixonar-se é bom – longe de mim dizer que não é. Como toda boa droga, a experiência lúdica, a excitabilidade extrema, as descargas hormonais, os picos de emoção, tudo isso é o grande barato a se aproveitar. Só digo que, assim como as drogas, prefira não experimentar a paixão. E caso cometa o erro de experimentá-la, faça com moderação e muito cuidado para não viciar.
Ao fim, cabe só lembrar: paixão é uma puta falta de sacanagem. Tenho dito!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Definições

Escutei ontem numa rádio, um dos melhores textos que ja escutei na vida... resolvi compartilhá-lo com vocês aqui...
ai vai ele...
o autor é o baiano, contoverso e um tanto louco (por isso, talvez, mais sábio que todos nós) Juca Chaves

Definições

Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue;
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo;
Angustia é um nó muito apertado bem no meio do sossego;
Preocupação é um cola que não deixa o que ainda não aconteceu sair do seu pensamento;
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa;
Certeza é quando a ideia cansa de procurar e pára;
Intuição é quando o seu coração dá um pulinho no futuro e volta rapido;
Pressentimento é quando passa em você o trailler de um filme que pode ser que nem exista;
Vergonha é um pano preto que você quer para se cobrir naquela hora;
Ansiedade é quando sempre faltam muitos minutos para o que quer que seja;
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento;
Sentimento é a lingua que o coração usa quando precisa mandar algum recado;
Raiva é quando o cachoro que é você mostra os dentes;
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração;
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma;
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros;
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas geralmente não podia;
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário;
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção esta dormindo e assume o mandato;
Vontade é o desejo que cisma que você é a casa dele;
Paixão é quando, apesar da palvara perigo, o desejo chega e entra;
Amor é quando a paixao não tem outro compromisso marcado.. não, não, não é isso... amor é um exagero... não, também não... um dilúvio, um mundaréo, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego... er... talvez porque não tenha sentido, talvez porque não tenha explicação... esse negócio de amor, eu não sei explicar.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

aleatório

Coração é bicho solto, fera indomável – mula sem parelha. Nem adianta forçá-lo a gostar de alguém. Para amores, o coração é meio vesgo – sempre olha para o lado, quando deveria estar olhando para frente (e é sempre o lado errado). Em matéria de sentimentos, razão e emoção são duas peças que não se encaixam no quebra-cabeças da vida. E a vida segue com suas lágrimas que rolam e com seus corações que doem (e como doem).
E para todos aqueles que pescam pelos mares da vida, saibam que eu também sou um pescador. Já peguei peixe grande – dias de sorte; mas também tive meus dias de azar, em que perdi o peixe e até mesmo a linha. Peixes são mesmo animais escorregadios, tem a liberdade nas veias, não é nada fácil capturá-los. Nesses dias pensei que talvez o problema fosse o anzol inadequado ou a isca errada, mas em verdade não tinha problema nenhum, pois, parafraseando o ditado – um dia é do peixe, outro do pescador.
Por fim, caro pescador, aqui vai um conselho tirados das lições que aprendi em meus dias de pescaria: se o peixe lhe escapar, o bom é não chorar – não vale à pena. No máximo permita-se ficar triste, mas só um pouco, pois a alegria é o tempero da vida. Volte pra casa sem mágoa e já que o dia não tava pra peixe, coma carne.
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Ninguém vive de sonhos. Ninguém vive de dias que nunca aconteceram. Amores que nunca se realizaram, não enchem corações. Lábios que nunca se tocaram, são beijos não acontecidos. Propostas vêm e vão, mas nunca viveremos as que nunca foram. Vivemos o momento presente, não um futuro que imaginamos. Vivemos a realidade e esta, pode ou não ser mais cruel do que aquilo que idealizamos. Quem pinta a realidade somos nós mesmos e usamos as cores que queremos (ou possuímos) se você têm poucas matizes, poderá nunca ter um céu colorido, mas se usar a imaginação da forma correta, poderá ter o céu que quiser.

PS: Meu coração é um eterno pôr-do-sol, aqueles de dias quentes de verão. São mil tons de um vermelho vivo prenunciando uma noite mansa – leve brisa que acalma e fascina abaixo de um céu estrelado.

sábado, 10 de julho de 2010

pensamentos soltos...

É tão bom soltar as amarras, deixar as coisas seguirem seu rumo... é sempre um peso a menos para se carregar. Na vida, como em tudo mais, o melhor é agir sem pretensão, mas com afinco e parcimônia. Deixar que tudo corra em seu fluxo normal. Pensar sempre: o que é meu será só meu e de mais ninguém; o que não é meu, que o vento leve para um bom lugar.
As pessoas, assim como tempo, sempre passam por nós. Passam e se vão e aqui cabe a nós sermos fortes o suficiente para as deixarmos ir, sem angustia, sem ressentimento. Ou passam e ficam, nem que sejam por um tempo mínimo – cabe aqui aproveitarmos cadê instante, fazer todo o possível para que os momentos sejam os mais proveitosos e tirar de tudo uma lição que carregaremos conosco para sempre. Só não aprende nada com a vida quem não quer e é tolo aquele que acha que as coisas acontecem por mero acaso. Tudo está ai, tudo nos é dado para que possamos crescer.
Se no caminho há mágoas, choro, um pouco de dor, não se sinta envergonhado – chore o que tiver pra ser chorado, sinta doer (porque dói mesmo), mas não carregue isso para todo o sempre, faça disso tudo um breve instante. Não se fechar para as oportunidades que o mundo apresenta é a chave – toda hora acontece algo novo e se não tivermos atentos e preparados, elas passam por nós e podem nunca mais voltar.
O hoje é o tempo que importa, mas não adianta esquecer o passado, é de lá que tiramos as experiências necessárias para construir o amanhã que queremos. E se queremos muito algo, sem duvida ele acontecerá, basta que não fiquemos parados esperando ele acontecer. Nada acontece ao acaso, sem uma necessidade. E é fazendo o hoje acontecer da melhor forma possível, que alcançaremos o futuro que nos espera.
Se hoje o meu dia está nublado, tenho certeza que por trás das nuvens se esconde um sol pronto para me sorrir. Se agora estou triste, não tenho medo, ontem estava sorrindo, e daqui a pouco estarei novamente – sei disso.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

sobre soprar a poeira

Tem um tempo que não passo aqui, não escrevo nada. Tem um bom tempo também que não ando navegando pelos blogs alheios – tem um tempo que abandonei certas leituras. Como já disse em outro texto, e de certa forma ouvi hoje, esse blog criou teia de aranha. Mas tem certos tempos que são necessários, tempos em que as idéias são amadurecidas, para que depois possamos saboreá-las com a uma fruta doce. Vir aqui de tempos em tempos é como revirar um baú velho e encontrar aquele álbum empoeirado: ao folheá-lo sempre terei a certeza de que encontrarei boas lembranças. Aqui também é assim.
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O que nos ensina a viver? As experiências da vida, os erros, os acertos, os amigos que temos, os milhões de livros de auto-ajuda que sempre dizem aquilo que já sabemos, ou será que somos pré-programados ou mesmo auto suficientes e já temos as respostas de tudo dentro de nós?
É um exercício interessante se olhar no espelho de vez em quando e se perguntar - quem é você realmente? o que há ai por dentro?
É importante também refletir sempre sobre tudo que nos acontece. Não adianta apenas fechar os olhos pra tudo que passa e fingir que nada aconteceu. As coisas vão acontecendo e a gente tem sempre que tentar ao máximo tirar proveito de todas elas. Os anos passam, a vida passa e vida a gente só tem uma. Quando a gente menos espera ela se vai. Aliás, a cada dia a vida se vai mais um pouco e quem não consegue acompanhar os caminhos que ela mostra acaba perdido num labirinto dentro de si mesmo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

ensinamentos

A vida me ensinou que é preciso ser forte e racional. Que para vencer os obstáculos é preciso paciência e coragem. Que os sonhos servem apenas para serem sonhados. Que os planos, se não os colocarmos em pratica, se perdem pelo tempo com outros que vem em seguida. Que se desejos existem, eles devem ser realizados. Ensinou-me ainda que amigos são mais que meras pessoas, são um sentimento. Que as paixões machucam, e que um coração dói de verdade quando um amor se vai. Que decepção é uma via de mão dupla, onde todos saem perdendo. Que de nada adianta vingança, ela não cura o mal que nos foi feito, só cria um circulo vicioso. Que palavras que foram ditas nunca voltam atrás, mas que um pedido de desculpa as faz ir embora. Que vale a pena acordar com um sorriso no rosto todos os dias, mas que também podemos nos dar o direito de ficar tristes de vez em quando, mas só muito de vez em quando. Que a vida tem infinitas faces e que podemos escolher várias delas ao mesmo tempo. E que se um dia nos perdermos num labirinto qualquer, devemos escalar o muro e passar por cima de tudo. A vida me ensinou a ouvir mais do que falar e a calar quando necessário. Só não me ensinou a mentir quando necessário – nasci com o defeito de falar a verdade, e de me entregar facilmente quando minto. Nasci com outros defeitos também, mas tenho certeza que minhas qualidades os superam, de forma que eles podem passar facilmente despercebidos. A vida me ensinou várias coisas – em 24 anos sei que aprendi mais do que muitos que estão ai beirando os 100. A vida só não me ensinou a amar direito, amo torto, como um anjo que voa com uma asa só. Quebro a cara, choro, me machuco, e continuo sempre olhando pro lado errado, amando quem não se deve. Um dia, quem sabe, a vida me puxa pelo braço e resolve me ensinar como se ama, se é que pra isso tem aula ou lição. Ou então eu continuo com minha asa só, voando por ai.

terça-feira, 11 de maio de 2010

fragmentos

De tudo que tenho mais saudade, são das coisas que não vivi as lembranças que mais me apertam o peito. Porque o que vivi, guardo como fotos na memória cada pedacinho de lugar, cada cheiro, sorriso, sons e todos os sentimentos (bons e ruins). Mas o que não vivi, nunca me pertenceu e desses momentos não guardo nada, apenas aquela nostalgia de fim de pôr do sol.
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Quando era guri o tempo demorava muito pra passar. Cada dia se arrastava por infinitas horas e um ano valia por muitos. Hoje, o tempo passa numa pressa tão grande, vai sem olhar para trás, tão veloz que quase não dá pra acompanhar. Um dia quando não pudermos mais acompanhá-lo, a solução mais sublime será mesmo soltar suas rédeas e, após um breve aceno, deixá-lo ir para onde queira.
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quinta-feira, 1 de abril de 2010

desejo

De duas coisas bem desejáveis, tem duas que eu desejo muito. A primeira é ser feliz e a segunda é encontrar um amor, que eu ame e que me ame, e que dure a vida toda. Pensarás tu, ao ler isto aqui, que eu desejo as coisas mais fabulosas e difíceis do mundo e que, no mínimo, estarei eu delirando. Respondo eu, desde já, que o pedido é pouco, nada demais. Não peço dinheiro, mesmo precisando dele; não peço saúde, mas espero tê-la sempre comigo, não peço sucesso, ou outras coisas mais. Só felicidade e amor.
Quero ser feliz a todo instante, não tendo um centavo o bolso, ou tendo a conta bancária mais que superlotada. Quero ser feliz, como estou hoje, em plena forma física e bem de saúde ou mesmo que não esteja um dia. Simplesmente quero ser feliz, sorrir, mesmo quando for pra chorar, ou mesmo chorar se quiser, porque se emocionar é um presente da alma. Quero ser feliz com a simplicidade do instante ou com o mistério do universo, Feliz, só isso.
Mas felicidade nunca se tem por completo quando se está sozinho, quando não se compartilha com alguém. Por isso quero também um amor. Amor de qualquer forma: de amigo, de amante, de irmão. Amor sem fronteiras, sem escalas, sem escrúpulos, sem pudor. Quero um amor daqueles que não precise perguntar que o amo o tempo todo, mas só de olhar em seus olhos eu tenha a resposta disto. Quero um amor, pra dividir toda a felicidade que sentir.
Por isso faço somente faço esses dois pedidos. Se os terei realizado um dia eu já não sei, mas não me importo também – tudo na vida a gene pode conquistar. Basta quere e lutar, sempre!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

verso simples

Tem um verso de uma música de Legião Urbana... deixa eu colocar aqui: “tenho andado distraído, impaciente e indeciso, e ainda estou confuso, só que agora é diferente, to tão tranqüilo e tão contente” que expressa muito bem tudo que estou sentindo agora. É um sentimento confuso, misto de alegria, euforia, ansiedade, mas sempre com uma pontinha de melancolia, tristeza e solidão.
É estranho estar assim. Nos últimos tempos têm acontecido tantas coisas boas em minha vida, que poderia estar sorrindo à toa. Mas felicidade realmente é um sentimento estranho, não adianta só bons acontecimentos, é preciso algo muito maior pra ela se instalar definitivamente e por mais que eu esteja alegre, meu coração ainda aperta, minha mente ainda viaja em pensamentos e meus sentimentos são cada vez mais confusos.
Posso explicar tudo por partes...
1 – Estou feliz... isso é fato. Nunca estive num momento de tantas realizações, planos que se materializam, sonhos que acontecem. Mas felicidade é somente alcançar os objetivos? - Acredito que não. Ter o que quero, ou ser o que almejo me trazem muitas alegrias, mas falta algo, e é justamente essa ausência, esse vazio que me abraça.
2 – Estou confuso e com medo... pois realizar os objetivos impõem buscar novos. E é ai que as perguntas surgem: - o que quero mesmo para minha vida daqui pra frente? Qual o caminho a percorrer? - a estrada da direita, da esquerda ou nenhuma delas?
3 – Impaciente, indeciso... marcas registradas de um capricorniano nato. Esse mesmo que não suporta atrasos, compromissos desmarcados sem motivo prévio. Capricorniano que precisa de tudo metodicamente programado e planejado pra se sentir à vontade com a situação. Nada de planos novos, de surpresa... se é algo que eu quero, tem que ter metas milimetricamente traçadas, mesmo que depois eu tenha que pular para o plano B (que também foi pensando antecipadamente).
E assim, poderia colocar outros versos de musicas aqui também... há dezenas deles onde me encontro, onde encontro meus momentos. Dezenas de versos onde meu coração dispara, onde os pensamentos flutuam e eu preciso me agarrar ao chão pra não ser levado por eles. Mas por hoje basta apenas este, nada mais é preciso dizer quando a melodia de uma canção é mais forte que as próprias palavras e calar e ouvir é a única saída.