quarta-feira, 11 de agosto de 2010

saudade...

Minha mãe sempre me disse que estava me criando paro mundo e não para ela. Ensinou-me a andar sozinho, sem sua ajuda; a pensar e agir por meios próprios; ensinou-me a lutar por meu espaço e a transformar todo sonho em metas e cumpri-las. Hoje, mais do que nunca, entendo e agradeço todo esforço e desprendimento que ela sempre teve. Não deve ser fácil para uma mãe solteira ver seu filho único crescer, se tornar independente e partir. Imagino o tanto que ela deve ter chorado e imaginado se podia ter feito diferente – se podia ter me tornado dependente dela, preso à sua saia. Mas ela não o fez, deixou-me livre com minhas escolhas e sei que tenho o apoio dela em cada decisão que tomo.

Minha mãe só não me ensinou que o mundo longe dela pode ser mais cruel e solitário do que ele parece à primeira vista. Por me amar demais ela sempre desenhou o mundo com muitas cores e esqueceu-se de me contar que ele também tem seu lado preto e branco. Acreditando em minha fortaleza, ela não imaginou que às vezes eu me dobro com os ventos e que preciso de colo e carinho. Sei que talvez eu mesmo tenha contribuído para isso tudo – no afã de ser livre, sempre mostrei a ela que era feito de aço, mas escondi dela que aço também se quebra.

Se hoje choro de saudade, ao mesmo tempo tenho imenso orgulho da mãe que tive. Se minhas escolhas me levaram hoje a estar longe dela, agradeço sempre a oportunidade que eu tive de fazer essas escolhas. Hoje, mesmo longe, mesmo sentindo falta da sua ausência física, sinto, sempre por perto, o carinho que ela emana, a preocupação, o amor. E sei que a qualquer momento eu posso voltar e o abraço estará lá me esperando.

PS: tudo que foi dito acima também se aplica à minha avó, que é minha segunda mãe.

3 comentários:

Luís Henrique Azevedo disse...

Já disse que adoro o jeito com que vc escreve, confere?
Um "confere" tb pra tudo o que vc disse. A gente sempre almeja a liberdade, e quando a tem, percebe que.. bem, vc já explicou tudo! ahhahaha
Palavras de um filho único que morou sozinho a milhas de distâncias dos pais.

Nuriko disse...

"Estar perto" é relativo. Eu não ia comentar nada, mas tenho certeza que elas estão com você, independentemente das questões geográficas.

Nuriko disse...

P.s.: moro com minha mãe (que também é mãe solteira) e minha avó, sei bem o carinho que sente.