terça-feira, 30 de setembro de 2008

why be normal?

Domingo me perguntaram qual era meu maior medo. Parei por um momento pensando e, à primeira vista não consegui identificar nada que me causasse pavor a ponto de me paralisar. Depois, pensei direito e lembrei-me de um: medo de ficar velho. Tenho apenas 22 anos, mal sai da adolescência, mas queria estacionar por aqui, nada de chegar nos 30, muito menos na casa dos “entas” (quarenta, cinqüenta, sessenta...).

È engraçado: tenho uma ânsia de viver muito, cada dia viver mais, mas as vezes me esqueço que a vida é um processo continuo e que viver, inevitavelmente, vai me fazer um dia ficar velho. Como aprendemos, lá no primário, todos nascemos, crescemos, envelhecemos e morremos. A não ser que pelo meio do caminho alguma fatalidade aconteça, esse é o processo eterno e inevitável da vida.

Mas parece que nos últimos tempos a velhice se tornou como uma doença que deve ser evitada a todo custo. Proliferam por ai academias de ginástica, clinicas de cirurgia plástica, todos os dias surgem novos tratamentos, tudo para evitar o inevitável – a velhice. E, ao final, a humanidade se desfigura e se esconde atrás de rostos e de corpos sarados que servem apenas para tentar preencher o vazio da alma.

Todos nós hoje temos um prazo de validade. Não basta ter sucesso, ou ser inteligente, ou mesmo ser o cara mais legal, ou o marido mais amoroso: temos mesmos é que ser belos e jovens. A aparência é o que conta, e a velhice, com suas rugas e limitações, não esta nos planos de quase ninguém.

O mais surpreendente é que, na segunda feira, ao ler uma revista, achei o texto de uma escritora que gosto muito – “Lya Luft”. Ela comentava em sua coluna, sobre seus setenta anos, e o quanto é normal hoje fazer setenta anos – tanto que ela resolveu nem dar uma grande festa, deixará pra fazer isso nos oitenta anos. Além disso, num certo parágrafo, ela trazia uma mensagem que eu também tenho pensado muitos nos últimos tempos e que se resume na seguinte frase: - “why be normal?”. Ou, como eu gosto de pensar: “no more keeping my feet on the ground” (copiado do título de uma musica da banda Coldplay).

E realmente, porque ser normal? Não seria melhor pararmos de andar com os pés no chão sempre? - Não seria melhor nos permitir viver mais despreocupado, mais livre, mais com a cabeça nas nuvens. Porque temos sempre que ser tão certinhos, tão chatos?

Se o medo de ser velho não é apenas o de ficar enrugado, mas o de também nos tornamos tão burocráticos como os nosso avós, temos que, além de cuidar do corpo, também cuidar da alma. Não adianta nada termos a aparência de 30 anos e a mentalidade de 70 anos. As experiências acumuladas ao longo dos anos não devem nos tornar duros e inflexíveis, ao contrario, devem nos tornar maleáveis e abertos a aprender sempre mais, a evoluir mais.

É vivendo o hoje que construiremos o nosso futuro. Não adianta nada ficar se lamentando pelo que passou e nem se angustiando pelo que virá. Cada problema se resolve ao seu tempo, não vale a pena se atormentar por problemas futuros e deixar de lado a resolução dos atuais. A vida é um processo continuo e inexorável que caminha em um só sentido – pra frente. Felizes seremos quando pensarmos que um dia, um mês, ou um ano, não é somente mais um, mas sim uma nova chance de recomeçar... recomeçar sempre a busca por sermos pessoas melhores.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hj foi um livro? Uma bíblia? Mas eita q livro (ou bíblia) boa de se ler viu! Gostei de ver papito. Cade dia q passa me orgulho em ter te conhecido. Não só por nossas semelhanças e compatibilidades de pensamentos ou formas de viver, mas pelo simples fato de ter encontrado em minha vida uma pessoa incrível de se conviver no dia-a-dia, e mais do q isso, uma pessoa de um coração repleto de atributos bacanas.
Enfim falando um pouco do texto, certa vez comentamos um com o outro sobre o fato de pessoas perderem o tempo em busca da felicidade..lembra? Pois bem, o mesmo me volta em mente, não devemos nos preocupar com o dia de amanhã. A velhice, os percalços, um dia surgirão, são inevitáveis. Vivamos o presente. lembra? "o presente de Deus, é O PRESENTE".
Li isso outro dia: "O tempo escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir. E não há tempo que volte. Vamos viver tudo que há pra viver. Vamos nos permitir."
É isso!!!! Feliz vida, feliz o presente, feliz o futuro!!!!! Feliz tudo!!!!!!!! Viva a felicidade!!!!!!

Madalena disse...

Eu quero ser uma boa velhinha com óculos pendurados no nariz, sapatinhos confortáveis, cabelos brancos, cheia de história, cansada de viver, mas sem esperar pela morte.
Quero ter os mesmos amigos lá, para nos orgulhamos das rugas compartilhadas, das palavras desabafadas, das risadas incríveis, dos encontros deliciosos e dos sentimentos valorosos.
Entretanto, querendo tanto, desde sempre, não tenho muita fé que o futuro me reserve a paz da velhice que eu almejo por não ter agora.
Espero sinceramente ter tempo para ter rugas porque, em mim, tudo é tão intenso que cada dia um novo desfecho me faz morrer ainda mais.
Se entristeço-me? Ó não. Felicito-me pela intensidade e grandiosidade claras que a minha consciência indica que possuo. Sendo assim, posso, efetivamente, comemorar meu aniversário todos os dias!

p.s. sua atenção e seu cuidado com certeza me fazem melhor e mais intensa.