segunda-feira, 23 de março de 2009

eu

Sou uma estória muito bem contada. Não sou um conto (muito curto), nem quero ser um romance (longo demais), apenas uma narrativa em prosa, meio que desvirtuada em versos brancos. Quem me escreve a cada dia sou eu mesmo, com todos os erros e acertos – às vezes apenas algumas páginas, meio borradas, outras tantas, longos capítulos. Sou todos os substantivos - concreto ou abstrato. Às vezes artigo definido outras tantas artigo indefinido. Dos adjetivos, procuro ser cada um, às vezes até todos ao mesmo tempo. Sou singular e plural, um número ordinário e multiplicativo (de quando em vez fracionário). Sou principalmente eu, um pronome pessoal do caso reto, mas posso ser também indefinido ou do caso obliquo. Pratico todos os verbos, até os de estado da natureza, em todas as possíveis variações. Dos advérbios, cada um ao seu modo, eu me complemento em tempo e espaço. E, se preciso for eu me transformo em preposição ou conjunção – uma oração, um complemento verbo-nominal, um sujeito, um predicativo, objetivo ou não. E ao final: - Oh! (interjeição), eu me apago e me escrevo novamente, pois sou uma folha e branco, nas mãos de um artista qualquer.

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