quarta-feira, 12 de novembro de 2008
solidão
Passou a mão mais uma vez pelo vazio da cama ao seu lado e lembrou que já era a quinta vez, somente esta noite, que fazia isso. Correu a mão pelo lençol de seda que cobria seu corpo, e sentiu novamente o nó que lhe apertava a garganta, quase sufocando. Uma lágrima correu pelo rosto e se perdeu no suor febril daquela noite quente de verão em que não tinha conseguido dormir mais que meia hora. Olhou novamente para os ponteiros do relogio que caminhavam lentamente, quase parando... rezou para que eles, naquela noite ou somente por um instante, girassem mais depressa, rezou para que o dia raiasse logo e aquela noite maldita partisse com os primeiros raios de sol. Virou para o lado tentando dormir novamente, lembrou-se das outras noites de angústia, desde que ela foi embora, sem dizer o "porquê", somente deixando um "adeus" escrito em batom no espelho do banheiro. Mais uma vez chorou baixinho, com medo que outros monstros acordassem e se juntassem aos que já lhe atormentavam. Ficou assim, não se sabe por quantos minutos, até que entorpecido pelas lembranças, e por muitas noites sem dormir, conseguiu ter algumas horas de um sono bom, sem nada que o pudesse incomodar.
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