quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sobre homofobia e relações familiares



Ainda fico indignado quando vejo alguém dizendo que uma criança, criada por um casal gay, necessariamente será um gay quando crescer. Desde logo, não discordo da ideia de que ela poderá ser gay, isto porque, sendo criada em um ambiente com muito menos preconceito e em um ambiente em que ela não precise esconder suas características, essa criança, com toda certeza, estará muito mais aberta para desenvolver sua sexualidade da forma como lhe convier.
Pessoas que pensam dessa forma não conseguem responder a um simples questionamento: - se ser gay é um aptidão que é aprendida, de que forma as crianças criadas em ambientes puramente (ou predominantemente) héteros se tornam gays? Além disso, quem pensa dessa forma, se esquece (ou procura esquecer, ou mesmo não sabe) que o comportamento humano é muito mais diverso, muito mais complexo, e que as pessoas não são necessariamente iguais às outras com quem elas convivem.
Se assim fosse, seríamos todos iguais e seguiríamos um mesmo padrão sempre: todo filho de advogado, seria advogado; todo filho de médico, seria médico; todo filho de bandido, seria bandido. Mas nós humanos não somos programado para sermos dessa forma, e é isso que faz toda a diferença entre sermos seres racionais e sermos um bando de macacos vestidos.
Os homofóbicos se prendem a conceitos ultrapassados para reforçar seu discurso de ódio e fazem isso da forma mais cruel possível – através do discurso religioso e cheio de supostos valores morais. Afinal de contas, é muito mais fácil pregar qualquer ideia tendo como suporte a palavra de Deus, mesmo que essa palavra seja constantemente deturpada e reinterpretada a favor de quem a detém.
E é assim, através de conceitos que supostamente defendem a família e os bons costumes é que muitas famílias são destruídas e pessoas são vítimas de violência. Quantos pais e mães deixam de falar com seus filhos pelo simples motivo de eles serem gays? Quantas pessoas são colocadas para fora de casa, e quantos problemas emocionais e sócio-afetivos são iniciados simplesmente pela não aceitação da sexualidade alheia? Quanta brutalidade é gerada pelo ódio ao universo gay?
            Portanto, quem prega o repúdio contra os gays, de forma alguma está defendendo a família, pelo contrário, está ajudando a acabar com muita delas, seja através da segregação, seja através da violência. Por fim, cabe lembrar que sentimentos como: carinho, amor, respeito e proteção, não dependem da sexualidade de ninguém para ser ofertados a uma criança.

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