segunda-feira, 10 de agosto de 2009

sobre ser jovem


Ser jovem me faz diferente de uma pessoa com mais idade em muitos aspectos, mas acredito que não me faz ser menos sábio. Já disse outra vez, e repito, que sabedoria não se adquire com o tempo. Com ele talvez se ganhe rugas, cabelos brancos, dezenas de outras coisas, mas a “sapiência“ se adquire mesmo é com experiências de vida. E talvez um velho, que tenha vivido oitenta anos, não tenha tido nem a metade de experiências que um jovem de vinte anos já teve. Pergunto então: - quem tem mais sabedoria a compartilhar?
Mudando o tom, lembro-me quando era guri e o tempo custava a passar. Cada dia parecia ter uma infinidade de horas, todas elas vagarosas. O ano se dividia só em dois momentos: o da escola, o mais longo, em que esperávamos ansiosos pelo segundo, o das férias – o melhor e mais curto. E viver era só isso, nada mais. Hoje o mundo acelerou, as horas parecem minutos, e no dia já não cabem mais todas as tarefas. Nós, com tantos papéis a seguir, já não encontramos mais onde encaixar todos nas agendas lotadas. E mesmo que um dia tivesse trinta horas, ainda assim iríamos querer mais.
Aliás, vivemos sempre querendo mais. Mais dinheiro, mais amigos, mais amores, mais contatos no Orkut, mais anos de vida. Contudo, quando temos algo disso a mais, ficamos bobos e não sabemos lidar: gastamos dinheiro com besteira, não temos espaço para todos os amigos, não damos atenção a todos os amores, nem temos disposição para manter contato com todos do Orkut, e corremos da velhice, como diabos da cruz.
Será que realmente sabemos o que queremos ou aonde queremos chegar? – acho que não. Por isso é que muitos jovens, futuros velhos, buscam o “conforto” das drogas, ou a alienação do “não saber”. Para estes, vale mais a pena a degradação física, psíquica e moral, do que a famosa “dor de existir”.
Para mim, também jovem, também futuro velho, vale mais a pena colocar um tênis confortável e correr junto com o tempo. Se há dores nessa maratona, cabe a mim chegar em casa e colocar os pés na água morna, relaxar e cuidar dos calos que ficam.
Assim, quem sabe, vendo a realidade, pensando-a, sentido-a, terei as experiências necessárias. E sendo velho ou jovem, possa dizer que realmente vivo e tenho sabedoria a compartilhar.

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