terça-feira, 18 de janeiro de 2011

2011

                Dois mil e onze. Mais um ano que se inicia e, por mais que seja apenas um dia após o outro, uma continuidade do mesmo momento, nós sempre encaramos um ano novo como um período de renovação. Cada ano que se inicia é como um novo momento para renovar os planos, rever os rumos, corrigir as rotas. É tempo de olhar para dentro de si mesmo e buscar aquela fé em que tudo que virá daqui para frente, virá melhor do que antes – ou pelo menos diferente.
                O ano que ficou para trás talvez tenha sido aquele em que e ocorreram as transformações mais impactantes pelas quais já passei. Já passei por outras grandes mudanças, mas mudar do interior para a capital foi o maior salto que já dei na vida – maior mesmo do que ter saído de casa há seis anos. Daquela vez, pelo menos, tudo tinha um rumo perfeitamente definido, já dessa foi um grande salto no escuro. Não me arrependo do que fiz – de modo algum, mas compreendo hoje que poderia ter feito muita coisa de maneira diferente. Porém o tempo não volta atrás e as experiências vividas, se não foram totalmente satisfatórias, serviram como um profundo aprendizado.
                Passaria horas escrevendo aqui tudo que me aconteceu nesse ano que findou. Contudo não há necessidade disso, e acredito que vocês não teriam saco para ler. Cabe dizer, no entanto, que 2010 foi o momento em que procurei me conhecer melhor: sai de minha zona de conforto e parti para o mundo. Busquei realizar mais um de meus sonhos e tentei arrancar de mim aquela inquietude que me consumia. Vivia bem em Itabuna, tinha e tenho amigos lá que são muito importantes, tinha um bom emprego, ganhava um bom salário – mas não vivia mais feliz. Precisa mudar e mudei. Precisava de um novo começo, de novas descobertas, de novos desafios e foi em busca deles que vim parar em Salvador.
                Não tem sido fácil encarar essa nova realidade. Às vezes me pego chorando e me pergunto se é isso mesmo que quero, se sou forte o suficiente para aguentar, mas logo depois sempre vem a certeza que sou maior que tudo isso e é dessa certeza que tiro forças para continuar seguindo. O coração, em alguns momentos, parece que vai sufocar de tão apertado e a saudade é uma presença constante, afinal, deixei família, amigos e tudo aquilo que construí para trás. Mas viver é precisamente escolher sempre que rumo seguir e, ao optar por um, abre-se mão de vários outros. Sei que não perdi nada, sei que se voltar minha família estará lá me esperando, bem como meus amigos, porém essa não é a opção do momento – o momento é de construir o que quero aqui.
                De todas as coisas, perder a amizade de alguém importante, por um motivo fútil, foi o acontecimento que me causou uma dor especial. Nunca é fácil afastar-se de quem se gosta, ainda mais com brigas, discussões e, sobretudo, sem um motivo respeitável. Porém, como diz o ditado, “Deus nos dá o frio conforme o cobertor”, e se perdi um amigo, ganhei outra amizade muito mais verdadeira. Vi em 2010 que ainda há pessoas dispostas a estender a mão quando se precisa de ajuda e aprendi mais uma vez porque amizade é sim o sentimento mais especial que há no mundo.
                Todavia, o melhor do ano ficou para o final. A gente sente quando algo novo pinta no ar, quando algo especial vem chegando. Vem junto com aquele friozinho inexplicável na barriga, aquele pensamento que voa longe e sem destino. Nunca senti algo por alguém como o que venho sentindo agora. Não sei que nome pode-se dar a este sentimento: gostar, paixão, amor? – não sei. Só sei que quando estou longe, quero estar perto, e quando estou perto, não quero mais desgrudar. Sei o quanto não sou bom em demonstrar sentimentos: às vezes acho que estou muito distante, outras que estou grudando demais. Mas é o querer, o bem querer e como diz uma música que tenho escutado muito, principalmente quando estou com ele: “...se depender de mim, reviro o mundo, por esse amor sincero, que é tudo que eu mais quero...”.
                Sei que já se passaram dezoito dias desde o começo do ano, e que deveria ter postado este texto logo após o réveillon. Contudo preferi esperar até meu aniversário, afinal de contas, 25 anos de idade é um momento a se respeitar – não é todo dia que se faz ¼ de século. Posso dizer hoje que sou homem, não sou mais menino, apesar de conservar muito da alma de uma criança – sou homem, não velho – e, se ainda não tenho rugas, ou cabelos brancos, tenho uma bagagem de conhecimento acumulado que me deixa muito orgulhoso do que me tornei hoje.
                Pois então, 25 anos – e eu que já me peguei várias vezes pensando como seria ter essa idade, enfim cheguei nela. E ontem, apesar de passar boa parte do dia sozinho, de receber várias demonstrações de carinho, principalmente de minha mãe, eu não consegui chorar. Senti falta apenas da ligação de meu pai, mas por outro lado tive alguém que chegou e preencheu todo meu vazio. Alguém especial que passou a noite toda ao meu lado, me encheu de presentes, de carinho e de felicidade.
                E é isso, 2010 se foi e 2011 se inicia. E como eu disse acima, renovo minha fé em que tudo vai ser melhor que antes. Só depende de mim para que tudo de certo e eu estou aqui para fazer valer a pena.



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